O pavilhão da Argentina para a 14ª edição da Bienal de Arquitetura de Veneza analisa a modernidade em torno do IDEAL e do REAL, perguntando-se como foram digeridas no país as ideias modernas "ideais" que acabaram originando o "real" das cidades. Como ocorreu essa tradução do IDEAL para o REAL?
Continue lendo a descrição da exposição por seus curadores -Emilio Rivoira y Juan Fontana- e veja algumas imagens exclusivas, a seguir.
Do Catálogo Oficial da 14ª Mostra Internacional de Arquitetura. A contribuição argentina para a Bienal de Veneza 2014 busca aprofundar o debate atual sobre a contínua digestão profissional das ideias "modernas" (IDEAL), e o que a sociedade realmente constrói para dar forma ao habitat de nosso modo de vida (REAL).
O mundo do IDEAL resume as aspirações de mudança, desejo, fascinação e comprometimento com as novas ideias. Ele expõe o desafio e frustração, os ideais e as interpretações equivocadas, a excelência e o vulgar, o sagrado e o profano. Coisas aceitas e incompreendidas.
Uma citação do arquiteto argentino Manuel Borthagaray resume o espírito desse processo:"Ser moderno, e desfrutar do conforto de pertencer ao mundo moderno, dava a certeza de que tínhamos de que repensar tudo, que todas as coisas existentes estavam erradas..."
A Argentina não apenas absorveu mas também produziu ideias e edifícios modernos exemplares.
Por sua vez, o mundo REAL baseado nesses sonhos ideais angariou seguidores a essa cultura de mudança. Isso consistiu em um novo modo de construir, mais simples, mais inclusivo, que nasceu acompanhado por novas legislações construtivas e planos urbanos, novas tecnologias industriais, modos diferentes de organizar a construção e, evidentemente, um novo modo de ensinar arquitetura.
Nesta evolução identificamos oito períodos que estruturam a exposição:
1914-1925 Eurocentrismo e Metrópole
1925-1940 Erupção do Movimento Moderno
1945-1955 Crescimento e Responsabilidade Social
1955-1965 Otimismo Cultural - o boom dos anos 60
1975-1983 Estado Autoritário - a infraestrutura do poder
1990-2000 Cidade Global - Cidade Real
2000-2014 Discurso Ambiental - o estado inclusivo
Arquitetura e o olhar do cineasta
Sabemos que o olhar do cineasta é um intérprete sensível e fiel do ambiente construído. Procuramos fragmentos do cinema argentino como meio de mostrar como os conteúdos de um conjunto IDEAL de ideias e práticas construtivas estão inseridos em nossa paisagem real, compondo o tecido REAL de nosso ambiente construído...e portanto nossa identidade.
É a ficção do cinema que mostra o mundo REAL. A realidade é a expressão da digestão anárquica da arquitetura ideal da Argentina em cem anos. Escolhemos a arte de ver através dos olhos mediadores do cineasta para explicar nossa proposta com eloquência intuitiva.